“Austin”: chegou o novo álbum de Post Malone, o rapper que está farto de ser rapper.
A pandemia obrigou muitos de nós a reinventarem-se. Ou, pelo menos, a encontrarem novas ocupações e hobbies. Para os artistas musicais, foi uma escolha entre oferecerem aos fãs atuações vistas a partir do Instagram ou compor mais canções, já que tocar ao vivo estava fora de questão.
Foi uma altura pródiga em momentos bizarros e um deles foi ver post Malone de vestido(respeitando a tradição de Kurt Cobain)e a guitarra na mão a tocar um set de mais de uma horade canções dos Nirvana com a restante banda a cumprir o distanciamento sanitário.
“Eu toquei guitarra em todas as canções do álbum. Está entre o mais desafiante e recompensador que já escrevi, pelo menos. Tentei puxar por mim e fazer coisas mesmo fixes”.
E desta forma Post Malone anunciou “Austin”, seu álbum com 17 músicas uma numa transmissão para os fãs. Dar uso às seis cordas não é um indicador de qualidade por si só — por cada “Beautiful Thugger Girls”, de Young Thug, há um passo em falso, como “Rebirth”, de Lil Wayne. Mas dado o seu historial com este instrumento, seria seguro esperar desta uma escolha bem medida e tomada de corpo inteiro. O facto do disco ser o seu primeiro nome reforça a ideia de que este seria um projeto mais pessoal, tal como a capa onde surge à beira de piscina de calças de ganga.
E ele ainda realça que este é o primeiro álbum por si criado depois de ter sido pai e essa mudança na sua vida reflete-se em “Austin”, especialmente tendo em conta o cariz depressivo de “Twelve Carat Toothache”, o seu disco anterior. “Ter tido um bebé colocou muita coisa em perspetiva e fez-me abrandar muito, no que toca a festas, a sair à noite e ser maluco, mas é a coisa mais bonita do mundo”, afirmou ao jornalista Zane Lowe, no seu espaço de conversas da Apple Music.
Malone é a prova de que a fama e os elogios não chegam para curar um ego danificado. É um dos artistas mais rentáveis do mundo, tem três American Music Awards e nove nomeações aos Grammys, entre outros prémios, e ainda assim o álcool continua a servir para compensar os seus problemas de autoestima, como admite tanto em entrevistas como nas suas músicas.
“I don’t understand why you like me so much. ‘Cause I don’t like myself” (“Não sei porque gostas tanto de mim. Porque eu não gosto”) é logo das primeiras coisas que canta no álbum, no tema de abertura, “Don’t Understand”. Em “Mourning”, Post Malone faz um jogo de palavras, substituindo a palavra “morning” (manhã”) com “mourning” (luto), queixando-se da luz solar matar a sua vontade de existir quando está de ressaca.